30.1.11

"A Meta é Viver Tudo"


Muitos reclamam de não verem sentido nenhum na vida. Não conseguem ver alegria e nem graça em nada. Tudo parece inútil. Não sabem porquê nasceram e nem o que vieram fazer aqui.
Fazem muitas perguntas e querem respostas prontas. Querem também soluções fáceis, se possível, sem fazer muito esforço para isso.
Querem uma vida cor-de-rosa, e ela aparece, muitas vezes, em preto e branco.
Desejam a felicidade e não incluem a tristeza, desejam o sucesso e não contam com o fracasso; querem ganhar muito e não dão nada.
Se desejamos viver plenamente nossas vidas, torná-la mais rica de sentido, temos que incluir tudo: o seu lado luz e o seu escuro.
Temos que aceitar a sua feiura se quisermos descobrir a sua beleza. Não incluir todos os lados da vida, torna-a pobre e com pouco sentido mesmo.
Se ela está desagradável do jeito que se apresenta, temos que torná-la possível de prazer e de alguma felicidade,
aceitar os desafios e não perder tempo com grandes questiomentos. Contribuir com os talentos  que  cada um tem, utilizando os inúmeros recursos disponíveis à volta pode trazer mais alegria para nossa existência e o sentido que se está procurando.
Querer fugir da responsabilidade de fazer a vida melhor para nós e, consequentemente, para os demais à nossa volta, significa rebeldia e fraqueza de caráter.
Tentar enxergar a vida não como uma luta deveria ser um exercício constante para nós, pois é através dos desafios e das novidades que poderemos aprimorar nossas capacidades, nos tornarmos pessoas melhores e, certamente, mais contentes.
Podemos estar muitas vezes em dúvida entre ser ou não ser, fazer ou não fazer, mudar ou não mudar, ir ou ficar. Isso tudo faz parte do processo do autoconhecimento.  Com o tempo,  em consequência do exercício das tentativas, vamos conquistando mais seguranca e discernimento, vamos poder fazer, então, nossas  escolhas com mais lucidez, enfrentar os riscos com mais coragem, pois já sabemos que o caminho para uma maior maturidade consciencial é assim mesmo.
O importante é aprender a ver toda a riqueza de opções à nossa volta; saber que a nós cabem as escolhas.
Arriscando a se expôr mais no mundo, libertando de limitações e se comprometendo com algo de real importância pode trazer ótimos ânimos.
Tudo na natureza há um porquê para existir, e ao ser humano,como parte dessa natureza, não  é diferente. Conscientes ou não disso, participamos da dinâmica existencial. E somos obrigados por muitas circunstâncias, a todo instante, a nos movimentar, a promover ações das mais variadas.Consequentemente, vamos ter contato com medos,   tristezas, inseguranças,  mas também com coragem, alegrias, flexibilidade, prazer... Isso favore-nos  na melhoria de nosso condicionamento físico, mental e psíquico, e nos faz mais inteligentes também.
E porque a vida é assim: adversidade, diversidade e infinita,  e porque somos condenados a viver eternamente (felizes ou não, querendo ou não), é  que esta "auto-entrega e esta confiança em Algo ou em Alguém", (também nao sei quem é nem quero dar nome a isso) é muito importante para a nossa saúde psíquica.
 "Não sei Quem, ou o Quê, fez a pergunta. Não sei quando a fizeram. Nem mesmo me lembro de tê-la respondido. Mas em algum momento eu disse Sim a Alguém, ou Algo, e dessa hora em diante tive a certeza de que a existência era significativa e, portanto, minha vida possuía, na auto-entrega, um objetivo."
Citado em "A Gnose de Jung e os Sete Sermões aos Mortos"   , de Stephan Hoeller. Cultrix / São Paulo, 1995. pg 168.
Para complementar e concluir este texto cito também um pensamento de Rainer Maria Rilke: "Nao procure a resposta que não lhe pode ser dada, pois você não seria capaz de vivê-la. E a meta é viver tudo. Viva as questoes agora. Quem sabe? Gradualmente, sem perceber, você pode viver as respostas em um dia longínquo."


Por Maria A. Roque-Kottkamp
30.01.2011

18.1.11



Foto de Família




O chão, o verde e muita luz.
Alguns de pé, outros sentados sob os galhos da goiabeira, aureolando as carinhas contentes.
Trajam roupas simples coloridas de domingo.
Estão aí para um acontecimento.
O cachorro amigo também se faz presente: é quase uma necessidade.
A peça vai se formando espontaneamente.
Sobre o solo rústico, são acarinhados pelos ramos verdes e pelos raios de sol brasil.
Distraídos... distraída...
Como e quando tudo começou o que agora vejo?
Não sei. 
Mas não importa.
O que conta é o ajuntamento.
É o amor e a alegria
E a afinidade que une e faz o momento.
Olho a cena e ainda pergunto:
- No que estão pensando agora?
Como esse solo, esse verde e essa luz presentes
Querem simplesmente estar ali e não precisam pensar em nada.
 Alguns estão ausentes:
Uns por opção; outros não.
- Hei, atenção! Todos a postos! Sorriam!
Parecem contentes e até felizes
E assim, esse instante mágico se eterniza
numa foto de família.

Por Maria Aparecida Roque-Kottkamp