5.4.11

abril

Estamos começando o mês de abril. Ou é o mês de abril que está começando? Estamos começando no mês de abril. Começando... Começando o que?

Por minha vez, estou começando a escrever este texto que por acaso está acontecendo no mês de abril.

April... macht alles, was er will“ - dizem os alemães, que traduzindo é mais ou menos isso: „ No mês de abril pode nevar, chover, fazer sol e ventar. O mês de abril faz o que quer. Tudo pode acontecer neste mês.

O que poderá nos proporcionar um mês? Este mês?

Na verdade um mês é só uma palavra.

Se eu ler mês ao contrário vira sem. Abril escrito ao contrário pode ser lido lirba. Lirba não significa nada. Procurei no dicionário, e não encontrei nada, a não ser nome de empresas e de pessoas que para mim não dizem nada!   

Veja que, quando escrevo uma palavra ao contrário, a gente pode dessignificá-la e acabar com a sua graça.Ela passa a ser nada muitas vezes. Eu posso transformá-la num monte de letrinhas deficientes. Ela perde a voz, o sentido, como o próprio sêm de lirba é pra mim: sem sentido.

Mas se continuarmos com o anagrama - isso se chama anagrama - a palavra abril pode também virar lirba. Mas não quero ir nessa direção, pois lirba lembra libra que lembra balança, que lembra justiça, que lembra dinheiro, que lembra poder, submissão, corrupção, prostituição, caução: todos com significados muito pesados e estressantes para mim.
Voltando ao tema em questão, pergunto o que reserva para nós este sêm, este lirba? 

Pensei bem sobre isso e tomei uma decisão: não quero ter parte alguma com os acontecimentos deste mês.

Vou desligar a tv, o rádio, o telefone e a internet. Ih..., esqueci-me do celular. Vou desligar também! Não me telefone!

Quero me alienar, me esconder, dormir por alguns dias, dormir no sêm de lirba, no sêm da mentira, no sêm significado, e só acordar em oiam. Repito, não quero ter nada a ver com este sêm.

Tsunamis, terremotos, vazamentos nucleares, terríveis assassinatos, novas guerras... Que expluda o mundo! Quero estar dormindo!

Quero dormir... dormir...e dormir ainda mais.

Quero estar nem aí. Não quero ter ligação nenhuma com nada e ninguém. E o que acontecer com Ioko, Hans, Muhamad, John não vai me afetar. Onde quer que estejam, suas tristezas, seus dramas, suas tragédias e perdas não serão imagens e nem vozes para mim, porque estarei dormindo no sêm de lirba, sêm da mentira.

Vou desligar todos os fios, me desconectar do mundo. Vou fazer isso por minha saúde mental. O sêm de março é o culpado por isso. Foi muito turbulento, atrevido, estressou meio mundo e se foi sem olhar pra trás. E eu também vou. Se ele pode, eu também. Então, vou terminar logo com esse blá-blá-blá que ficando chato, e vou-me.

E só volto no sêm de maio. Ops, oiam. Sêm (das) noivas, sêm (da)abolição, sêm (do)trabalho, mês dos acontecimentos bons.

Agora, fui mesmo! Bizzz...


Maria A. Roque-Kottkamp



 

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